segunda-feira, 23 de abril de 2012

INCLUSÃO DO ALUNO PORTADOR DE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS



                   A Educação Inclusiva vem sendo discutida desde a década de 80/90 e se transformou em eixo desafiador para os Programas Educacionais, pois apesar de décadas de discussão, a sociedade ainda preconiza um paradigma de classes estudantis aceitáveis e o PNEE não se enquadra nesta “perfeita estrutura educacional”, uma vez que um aluno que não é PNEE apresenta um rendimento de ensino e aprendizagem um pouco mais avançado que o aluno PNEE e, diante desta análise há a preocupação do Índice de Desempenho Escolar da turma em que o PNEE está inserido.
                Entretanto, em meados dos anos 70, iniciou-se as discussões acerca da participação do PNEE nas atividades sociais e educacionais da comunidade com o objetivo de reabilitar o PNEE em ambientes regulares, com os apoios psicopedagógicos necessários, e por volta dos anos 80/90 surgiram os serviços de educação especializada, porém, não no mesmo ambiente das escolas regulares e assim, com serviços paralelos ao sistema regular de ensino, os PNEEs eram atendidos, em suas necessidades, nas escolas especiais ou em serviços especializados. Nesta forma de atendimento, Bueno (1993), afirma que no Brasil, essas classes especiais se constituíram em espaço de invalidação, pois passaram também, a receber os alunos com problemas de aprendizagem, considerados deficientes intelectuais leves.
                Já, em 1981, o conceito em relação ao PNEE foi alterado: Não é o PNEE que tem que adaptar-se à sociedade, mas a sociedade tem que adaptar-se às pessoas “diferentes”, pois a deficiência não é então, uma característica do indivíduo, mas está relacionada à forma como a sociedade o vê, e assim, o enfoque médico, da patologia, passa a ser social.

O QUE OS TEÓRICOS DIZEM SOBRE A INCLUSÃO

Romeu Kazumi Sassaki (1997) afirma em sua obra:
ü  Inclusão é um processo pelo qual a sociedade se adapta para inserir em seu contexto os PNEEs, porém, os PNEEs necessitam ser preparados para assumirem suas funções de cidadãos;
ü  Na educação, as escolas comuns devem adaptar-se à diversidade dos seus alunos, permitindo o exercício da cidadania tanto para alunos “incluídos” quanto para toda a comunidade escolar;
ü  A abordagem ideal das instituições inclusivas, através de seus profissionais e colaboradores é considerar seus usuários como cidadãos com direito a maior autonomia física e social, independência para agir, tomar decisões e mais espaço.

Annete Rabelo apud Vygostsky (1999) afirma:
ü  Uma criança portadora de um defeito não é simplesmente uma criança menos desenvolvida que as demais, apenas se desenvolve de forma diferente.

Paulo Freire (1982) diz:
ü  Temos dois caminhos a seguir: ou saímos da rotina e buscamos inovar a prática pedagógica diante da inclusão, ou ficamos discutindo que a mesma não é viável, jogando a culpa no sistema de ensino, nos ombros do governo, na família e em todos os setores da sociedade.

ALGUNS PRECONCEITOS EM RELAÇÃO AOS PNEEs

A pessoa portadora de alguma deficiência convive socialmente com sua família, porém este convívio não se estende na escola, no clube, na igreja e nas outras áreas da sociedade porque é colocada como um ser diferente, e nesta perspectiva, Maria Teresa Mantoan (1997, p.45) aponta como causa os seguintes conceitos básicos:
ü  Pessoas portadores de deficiência não correspondem às expectativa, são anormais, diferentes;
ü  Pessoas portadores de deficiência não são muito capazes, são pouco produtiva;
ü  Pessoas portadores de deficiência são estigmatizadas, o estigma cria preconceitos que, por si, gera medo, e o medo provoca ignorância e afastamento;
ü  Pessoas portadores de deficiência não se encaixam nos valores da sociedade.

ALGUMAS SIGLAS UTILIZADAS NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA


TABELA DE PRINCIPAIS SIGLAS UTILIZADAS:
LDB: Lei de Diretrizes e Bases
DV: Deficiente/deficiência visual
CNE: Conselho Nacional de Educação
DI: Deficiente/deficiência Intelectual
PNE: Plano Nacional de Educação
DM: Deficiente/deficiência Mental (não mais utilizada)
MEC: Ministério da Educação
DF: Deficiente/deficiência física
SEESP  MEC: Secretaria de Educação Especial
NEE: Necessidades Educativas Especiais
INES: Instituto Nacional de Educação de Surdos
ANEE: Aluno com Necessidades Educativas Especiais
CEE: Conselho Estadual de Educação
EE – Educação Especial
FNDE:Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação
PNEE: Portador de Necessidades Educativas Especiais


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUENO, J.G.S Educação Especial Brasileira: Integração/segregação do aluno diferente. São Paulo: Educ, 1993.

FREIRE, Paulo. Educação: o sonho possível. In: BRANDÃO, Carlos (org.). O Educador: vida e morte. Rio de Janeiro: Graal, 1982.

MANTOAN, Maria Teresa Eglér. A Integração de pessoas com deficiência: contribuições para uma reflexão sobre o tema. São Paulo: Memnon. Editora SENAC, 1997.

RABELO, Annete Scotti. Adaptação Curricular na Inclusão. Revista Integração. Secretaria de Educação Especial do MEC-ano 9, n1 21, 1999.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão. Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1991.

domingo, 22 de abril de 2012



HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
(Profª Maristela dos Santos Ferreira Stefanello)

  Conceito da inclusão: Ato de incluir (-se), ou o resultado desse ato. (FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Escoar da Língua Portuguesa. Ed. Positivo: 2005).

                   A Educação inclusiva é um assunto novo, o qual vem sendo debatido com muita freqüência em todos os setores sociais, seja no ambiente de trabalho, nas diferentes religiões, nas unidades escolares ou até mesmo num simples bate-papo nas rodas de amigos. Contudo, o diferente sempre existiu e sempre esteve presente na sociedade ao longo de sua existência.
                   Houve épocas em que o PNEEs (Portador de Necessidades Educativas Especiais) era abandonado em locais desconhecidos, sujeito a própria sorte, ou eram considerados como seres sub-humanos. Houve épocas também, que o bebê PNEEs (Portador de Necessidades Educativas Especiais)  era eliminado, assim como houve épocas em que o PNEEs (Portador de Necessidades Educativas Especiais)  era exibido em festividades.
                   Podemos exemplificar a relação do PNEEs (Portador de Necessidades Educativas Especiais) com a sociedade, comparando e analisando o relato acima com o filme “O corcunda de Notre Dame” onde o ser humano diferente é considerado incapaz de conviver com o padrão de beleza da época e discriminado por toda uma sociedade, inclusive de pessoas consideradas religiosas.
                   Durante cada época vivida numa sociedade, a relação com o diferente se comportou de uma forma diferenciada, pois os paradigmas evoluíram ao longo dos anos e séculos na tentativa de se aperfeiçoarem para uma sociedade mais justa e igualitária.
                   VAYER (1982) relata em sua obra que na era do Cristianismo os PNEEs (Portador de Necessidades Educativas Especiais) passaram a ser reconhecidos como pessoas e assim acreditou-se que eles tinham alma e poderiam ser considerados filhos de Deus e exemplifica: “...e essa anormalidade só podia ser obra de Deus, para que alguns humanos expiassem as faltas dos que os haviam precedido.” (VAYER, Pierre, 1982. p 37).
            Ainda, segundo VAYER (1982), as idéias se divergiram, pois as pessoas diferentes eram consideradas por alguns, como crianças do bom Deus e também consideradas por outros como bobos da corte. Contudo, nesta época as pessoas agiram de forma diferenciada com as pessoas portadoras de algum tipo de Necessidade Especial, pois haviam dois paradigmas para se escolher: a defesa do direito de ser diferente e a repugnância pelo ser diferente.
       Já, de acordo com Kirk & Gallagher (1987), há quatro estágios eu evidenciam as etapas pelas quais percorreu a história a educação especial: “ 1ª - era pré-cristã: negligencia e maltrata os deficientes; 2ª - era cristã: protege e se compadece com os PNEEs (Portadores de Necessidades Educativas Especiais); 3ª - século XVIII e XIX: oferece uma educação segregada ‘especial’; 4ª - última parte do século XIX: aceita as pessoas deficientes e tende a integrá-las, mas somente n discurso. (Kirk & Gallagher, 1987, p. 6).”

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

VAYER, Pierre. Integração da criança deficiente na classe. Instituto Piaget. Editora Horizontes Pedagógicos, 1982.
KIRK, S; GALHAGHER, J.J. Educação da criança excepcional. 1ª Ed. Tradução de Marília Zanella Sanvicence. Martins Fontes.São Paulo: 1987.

Deixamos de reconhecer que nossos dois mundos são um só.

             Vivo num mundo que é radioso, e todavia é escuro; é ensolarado e ao mesmo tempo é frio. Em meu mundo eu rio, mas vocês não riem comigo.
             Vocês provavelmente já me viram na rua, em uma loja, ou num parque infantil. Gosto do barulho e da excitação da cidade grande, do cheiro e brincadeiras no parque onde brinco. Sou assim, tão diferente?
             Minha época do ano predileta é o natal. Gosto do suspense dos embrulhos debaixo da árvore, das conversas sobre papai Noel, do silêncio calmo dentro da igreja – tudo isso tem significados muito especiais para mim. É isso ser diferente?
             Vocês já criaram alguma coisa com as próprias mãos – estatuetas de argila, cartões de aniversário, boneca? Eu já. Minhas mãos são a minha vida. Elas são a minha própria respiração, e o encorajamento que recebo é a força diária que consigo. É isso ser diferente?
             Qual é o tamanho do mundo? Você já viu o mundo? Eu já vi.
             Meu mundo é pequeno, não é grande. Ele é florescente, não enfraquecido, e é um mundo de paz, não um mundo de guerra. Por que? Vejo o mundo de modo diferente de vocês?

 
             Vocês dizem que sou diferente, vocês me chamam de retardada, mas o retardamento pode estar em sua recusa egoísta de reconhecer que eu, também eu, sou parte do nosso mundo.” (Faye Keogh, último ano da escola secundária, Beulah, North Dakota, E.E.U.U, Publicado no Parent's Corner da HMR  News Letter, Delaware. Tradução de Maria Amélia Vampré Xavier – APAE de São Paulo.)