domingo, 17 de outubro de 2010

A DIFICULDADE DE MINISTRAR AULAS NOS DIAS ATUAIS

Ministrar aula nos dias atuais requer um equilíbrio emocional e intelectual, pois há a necessidade de analisar e saber conviver com diferentes valores culturais e diferentes educações familiares. Porém, se analisarmos profundamente os tipos de alunos que nos deparamos no ambiente escolar, verificaremos que essa diferença sempre existiu, e afirmo esta teoria com convicção embasada em minha longa jornada na educação, uma vez que iniciei meu magistério no ano de 1990 e sempre me deparei, em sala de aula, com alunos indisciplinados e até mesmo, sem limites. A única diferença dos anos de minha atuação em sala de aula, do ano de 1990 a 2004, e do meu cargo temporário como gestora escolar, do ano de 2005 até os dias atuais, é que a exposição de diferentes ideais culturais e familiares estão mais explicita nos dias atuais devido ao fato de que atualmente o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, prioriza medidas protetivas, as quais inserem as crianças e adolescentes nas escolas e os pais ou responsáveis, por sua vez, transferem toda a educação (familiar e acadêmica) para o seio educacional e isto ocorre por falta de entendimento e até mesmo de comodismo dos pais em relação a legislação do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, pois a referida legislação define parâmetros na obrigatoriedade do ensino, salientando a responsabilidade dos pais em acompanhar o processo acadêmico do filho, em seu artigo 53 onde diz: “Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais” (Art. 53, ECA). Contudo, ressalto que não devemos generalizar esta situação, uma vez que há pais empenhados na educação acadêmica e familiar dos filhos.
Em contrapartida, a escola de uma forma geral, isto é, envolvendo professores, professores coordenadores e até mesmo a direção da escola, tem o hábito de definir a falta de acompanhamento familiar como justificativa para o baixo desempenho dos alunos, os quais chamamos pejorativamente de “alunos problemas” e esta definição não está incorreta, porém sua veracidade se confirma apenas parcialmente, uma vez que ao analisarmos profundamente a sala de aula, seremos capazes de verificar que na mesma sala de aula, onde há o aluno indisciplinado, com pais ou responsáveis pouco freqüente no ambiente escolar ou até mesmo sem freqüência na escola e com notas abaixo da média em virtude do pouco rendimento acadêmico, há também: aquele aluno sem nenhum problema de indisciplina e com nota abaixo da média em virtude do pouco rendimento acadêmico e sem a freqüência dos pais ou responsáveis na escola; aquele aluno sem nenhum problema de indisciplina e com nota abaixo da média em virtude do pouco rendimento acadêmico e com a assiduidade dos pais ou responsáveis na escola; aquele aluno indisciplinado, porém com pais ou responsáveis assíduos no ambiente escolar e com notas abaixo da média em virtude do pouco rendimento acadêmico e também há aquele aluno que “parece que entendeu tudo”, porém não consegue atingir a média nas avaliações. E, para finalizar, não posso deixar de elencar “aquele aluno que é citado como indisciplinado por determinados professores / disciplinas e ao mesmo tempo, citado por outros professores / disciplinas, como bom aluno”; bem como o aluno que atinge a média nas avaliações de uma determinada disciplina e em outras, não, sendo que isto ocorre com muita freqüência nos anos finais do Ensino Fundamental, e tenho como base nesta minha afirmação, minha experiência como gestora escolar até os dias atuais.
Para tanto, torna-se imprescindível a seguinte reflexão à toda equipe pedagógica e administrativa das Unidades Escolares: “É fato que a família, não todas e sim parcialmente, tem transferido a responsabilidade familiar para a escola. É fato também, que há alunos que apresentam dificuldade de aprendizagem e é fato também que há pais ou responsáveis preocupados com a educação familiar e acadêmica dos filhos, porém não conseguem obter bons resultados acadêmicos dos filhos. E então, qual seria a atitude de caráter emergencial enquanto responsáveis pela educação acadêmica? Será que apenas culpar o sistema educacional ou a família resolveria o ‘nosso problema’?”
Contudo, diante dos fatos acima mencionados, todos embasados nos atendimentos de alunos e pais ou responsáveis de alunos registrados na ata de atendimento de alunos; ata de atendimento de pais ou responsáveis; registro de indisciplina praticado por aluno e solicitações de professores nos anos de 2007, 2008, 2009 e até a presente data, na Escola a qual estou como Diretora atualmente, afirmo que seria pouco inteligente, enquanto educadores, assistir o que se passa no ambiente escolar, dentro e fora da sala de aula, e culpar alguém ou “achar um culpado” para tal situação. Em minha concepção de gestora escolar, ao contrário de mencionar frases como: “se este aluno continuar na sala, eu não entro mais”; “o que é isso, que aluno é esse?”; “o que é aquilo que chegou?”; “o que você vai fazer com aquele aluno que você matriculou?”; “essas fichas na servem pra nada (fichas utilizadas para registrar a indisciplina do aluno)”; “é melhor você caminhar na avenida do que ficar na reunião do Conselho Disciplinar”...
Chegou o momento de viabilizar estratégias para “enfrentar nosso maior pesadelo” enquanto educadores: a baixa qualidade do ensino e da aprendizagem, ressaltando a indisciplina dos alunos, e assim, toda a equipe pedagógica e direção das Escolas devem se empenhar para “mudar a realidade apresentada”, onde diretora, professores e coordenadoras necessitarão focalizar seus objetivos nos problemas detectados, unindo-se para que todos direcionem seus trabalhos com o intuito de “solucionar os problemas mencionados”, visando a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem, pois não haverá resultado positivo se uma parte da equipe pedagógica e direção agir de uma determinada forma e a outra parte agir de forma diferenciada, pois este não é o momento de “agir” de forma fragmentada e sim, de formar “um elo” para abranger  a melhoria e a qualidade do ensino e a aprendizagem e a melhor opção, no presente momento, é elevar a auto estima dos alunos estimulando-os a conhecerem os seus limites, pois assim, melhorando os alunos, os próprios professores aprenderão e reaprenderão a conviver com as dificuldades encontradas na sala de aula e por si mesmo, elevarão sua auto estima.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.
Maristela dos Santos Ferreira Stefanello